quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

À descoberta de Mandalay

Não é fácil gostar de Mandalay. Ao primeiro contacto com a cidade ela mostra-se fria, com os seus predios descaracterizados, lojas de motas, material de construção e tecnológico, avenidas compridas e largas de onde surge um trânsito carregado de poluição sonora... Apetece-nos voltar ao lago, à sua calma e às suas gentes. Mas não desistimos à primeira. O terceiro dia em Mandalay seria para descobrir a Mandalay que fantasiamos com o livro "Regresso a Mandalay".

Saimos do hotel e caminhámos rumo ao desconhecido...e lá estava ela, a cidade que esperavamos encontrar. Entrámos no mercado e a cidade ganhou vida. A atarefacao das vendedoras, os legumes, as cores, a variedade, o olhar das pessoas felizes por estarmos em comunhão com elas. Perdemo-nos, literalmente, nas ruas estreitas com casas de teca e bambu, algumas com fachadas trabalhadas mas encobertas pelo pó da estrada. Conversamos com as pessoas, entramos um pouco na sua intimidade, pediram fotos para depois se verem entre a timidez e a surpresa da sua beleza, adoraram a bebe (mesmo estando a dormir). Um velho a ler o jornal que já não se lembra em que rua mora, um vendedor de betule, uma educadora de infância a receber as crianças penduradas nas motas, uma vendedora de comida de rua rodeada de panelas a fumegar, um bebé a devorar milho, um neto minúsculo à pendura numa bicicleta agarrado à vida, centenas de mulheres e homens monges nos seus trajes rosa e castanhos a pedir humildemente alimento na sua ronda das almas. Isto é Mandalay!



E o Mosteiro de Shwe In Bin Kyaung, todo em teca e com figuras de espíritos e episódios humorísticos, recebe-nos de pés descalcos na terra. O castanho escuro da sua construção  atrai-nos e apetece sentar e só contemplar no silêncio das árvores e fo banho matinal dos monges.



Calçamo-nos e procuramos um dos ex-libris da cidade- o Pagode Mahamuni, onde se aloja um Buda com cerca de 2000 anos e que tem aproximadamente 10cm de espessura em folhas de ouro, que os seus devotos lhe depositam como oferenda (as mulheres não podem), à excepção da face que é polida diariamente às 4 da manhã. É deveras impressionante!




Decidimos então ir a um workshop gratuito que nos mostrou o processo de elaboração das folhas de ouro e que nos deixou de boca aberta. Durante cerca de 6 horas, 3 homens à vez, batem com um martelo gigante no ouro enrolado em bambu, num esforço fisico tremendo, até obter uma folha tão fina que se transforma em pó com um só sopro.



Apanhamos uma mota com atrelado e fomos curtir os tropeções do caminho com as gargalhadas da Alice. Almocamos perto do Palácio Real (que optmamos por não visitar) no restaurante Marie-Min num terraço espectacular. O granizado de limão, gengibre e mel é fantástico! 



Descansamos no hotel e ao final da tarde fomos ver o mítico pôr do Sol na U Bein Bridge, em Amarapura, a penúltima capital real de Myanmar. Esta é a maior ponte em teca do Mundo, atravessando o lago e criando um efeito nostálgico ao nascer ou pôr do Sol. Estava apinhada de turistas...será que viemos todos no mesmo dia?!



2 comentários:

  1. Estou a adorar ler as vossas aventuras!! **** a Alice está uma crescida! :)

    ResponderExcluir
  2. A Alice é uma ternura que não se aguenta! E as tuas descrições verdadeiramente apaixonantes!

    ResponderExcluir